Home » Família Dominicana

Família Dominicana

Comentário às Leituras Dominicais (Nov. 2025) por fr. José Nunes, op

Comentário às Leituras Dominicais (Nov. 2025)      por fr. José Nunes, op - ISTA - Instituto S. Tomás de Aquino

 
9 DE NOVEMBRO - DEDICAÇÃO DA BASÍLICA DE LATRÃO - ANO C

 

A Festa da Dedicação da Basíliaca de Latrão, celebrada neste domingo, recorda-nos a importância que todas as religiões - e o cristianismo não é excepção - dão aos lugares onde se podem reunir as comunidades dos crentes: mesquitas, templos, sinagogas, santuários, etc. É certo que em qualquer momento e lugar podemos (e devemos) rezar e meditar (partilhar a nossa vida com Deus) e é claro que a Igreja mais importante é a das «pedras vivas do templo do Senhor», ou seja, a comunidade humana dos crentes.

Mas a mediação dos espaços também é muito importante: as basílicas, igrejas, templos, santuários... ou até uma simples árvore frondosa que dá sombra e abrigo nas celebrações... tudo isso existe e foi construído e escolhido para facilitar o encontro dos crentes com Deus, com o Transcendente.

É por isso também que, quanto mais belos forem os templos, quanto mais harmoniosos forem os cânticos entoados, quanto mais silêncio meditativo se conseguir, tanto mais facilidade teremos de entrar em comunhão com o Divino, tanto mais estaremos prontos para O escutar e deixar que Ele invada todo o nosso ser. Não terá sido justamente por isto que o Senhor Jesus expulsou os vendilhões do Templo e quis purificar todo aquele espaço? Não será para podermos receber o bom alimento, renascermos e alcançar alento e vida (cf leitura de Ezequiel), que precisamos mesmo de cuidar dos nossos templos?

 

03/11/2025 observações (0)

Artigo do fr. Bento Domingues, op

Artigo do fr. Bento Domingues, op - ISTA - Instituto S. Tomás de Aquino


 UM GRANDE FIM DE SEMANA

  

1. Os cristãos celebram neste fim de semana algo de extraordinário. Proclamam, neste Sábado, que a morte não é a última palavra sobre a existência humana. A morte não é o sentido da vida. Caso contrário, seria a derrota final do ser humano que vive da esperança (1 Ts 4, 13-14).

Jean Delumeau[1], grande historiador católico, desejava acolher a hora derradeira em condições de poder dizer de novo a palavra do Salvador: Pai, nas tuas mãos entrego a minha vida. Morreu em 2020, aos 96 anos. Segundo o diário La Croix, o próprio historiador preparou o seguinte texto para ser lido no seu funeral: A minha vida teve as suas dores e as suas alegrias, os seus fracassos e os seus sucessos, as suas sombras e as suas luzes, os seus defeitos, os erros e as inadequações, mas também os seus impulsos e as suas esperanças. Terminei a minha corrida. Possa eu adormecer-me na tua paz e no teu perdão! Sê o meu refúgio e a minha luz. Rendo-me a ti. Entrarei na terra. Mas que o meu último pensamento seja o da confiança.

Esta é a linguagem do bom senso da verdadeira expressão da fé cristã.

2. Este ano, neste fim de semana, a construção litúrgica oficial celebra, no Sábado, a festa de Todos os Santos, canonizados ou não, a plenitude da vida humana. No Domingo, celebra os Fiéis Defuntos, onde cabem todos, todos, todos, como diria o Papa Francisco.

A ambiguidade destas designações exprime a nossa ignorância acerca da vida depois da morte. A imaginação atreveu-se a saber mais do sabe. Umas pessoas iriam para o céu, para disfrutar da eterna alegria de Deus. Outras teriam de ser purificadas pelo fogo para poderem entrar no céu. Outras ainda, que morriam em pecado mortal, iriam para o inferno, para o sofrimento eterno.

Estas representações pertencem a determinados momentos da história religiosa que ainda sobrevivem em muitos lugares: pessoas completamente realizadas, outras a precisar de purificação e outras condenadas para sempre.

As concepções que as alimentou não podem reclamar-se da teologia verdadeiramente cristã. A condenação eterna é uma ofensa à revelação da Primeira Carta de S. João (4, 8.16): Deus é amor. Tudo o que se disser em teologia cristã nunca poderá negar esta afirmação eterna. Não é o inferno que é eterno. Eterno é o amor que Deus nos tem.

Para este grande fim de semana, escolhi a apresentação do Apocalipse, uma imagem de Deus como futuro absoluto e incondicional.

O termo apocalipse, ao contrário do que sugere certa linguagem corrente, é a transcrição de uma palavra grega que significa revelação. Foi o título dado, que ficou para sempre, àquele que se apresenta como o último livro da Bíblia, um livro de consolação para a Igreja perseguida pelos imperadores romanos. Contém o belíssimo poema do grande sonho de uma divina consolação.

3. Vi, então, um novo céu e uma nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra tinham desaparecido e a ameaça do mar já não existe. E vi descer do céu, de junto de Deus, a cidade santa, a nova Jerusalém, já preparada qual noiva adornada para o seu esposo. E ouvi uma voz potente que vinha do trono e dizia: Eis a tenda de Deus com os seres humanos. Ele habitará com eles; eles serão o seu povo e ele, Deus-com-eles, será o seu Deus. Ele enxugará todas as lágrimas dos seus olhos; e não haverá mais morte, nem luto, nem clamor e nem dor haverá mais.

Sim! As coisas antigas passaram! O que está sentado no trono declarou: Eis que faço novas todas as coisas. E continuou: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras. E disse-me ainda: elas realizaram-se! Eu sou o Alfa e o Ómega, o Princípio e o Fim. A quem tem sede, eu darei gratuitamente, da fonte de água viva. O vencedor receberá esta herança e eu serei o seu Deus e ele será meu filho[2].

Este grande poema, que vem no final do Novo Testamento, começa com este desígnio: Revelação de Jesus Cristo.

Deus encarregou-o de manifestar as coisas que brevemente devem acontecer e que Ele comunicou pelo anjo que enviou ao seu servo João, o qual atesta que tudo o que viu é Palavra de Deus e testemunho de Jesus Cristo.

Feliz o que lê e os que escutam a mensagem desta profecia e põem em prática o que nela está escrito, porque o tempo está próximo. João saúda as sete igrejas da província da Ásia: graça e paz da parte d’ Aquele-que-é, Aquele-que-era e Aquele-que-vem, da parte dos sete Espíritos que estão diante do seu trono e da parte de Jesus Cristo, a Testemunha fiel, o Primogénito dos mortos, o Príncipe dos reis da terra! Àquele que nos ama e nos purificou dos nossos pecados com o seu sangue e fez de nós uma Realeza de Sacerdotes para Deus, seu Pai.

A Ele pertence a glória e o poder pelos séculos dos séculos. Ámen! Eis que Ele vem com as nuvens! Todos os olhos o verão, até mesmo os que o trespassaram. Todas as nações da terra se lamentarão por causa dele. Sim. Ámen! Eu sou o Alfa e o Ómega – diz o Senhor Deus – Aquele-que-é, Aquele-que-era e Aquele-que-vem, o Todo-Poderoso.

Eu, João, vosso irmão e companheiro na perseguição, na Realeza e na perseverança em Jesus, encontrava-me na ilha de Patmos por causa da Palavra de Deus e do testemunho de Jesus. No dia do Senhor, fui movido pelo Espírito e ouvi atrás de mim uma voz potente como de trombeta, que dizia: O que vais ver, escreve-o num livro e envia-o às sete igrejas: à de Éfeso, de Esmirna, de Pérgamo, de Tiatira, de Sardes, de Filadélfia e de Laodiceia.

Voltei-me para ver de quem era a voz que me falava. E, ao voltar-me, vi sete candelabros de ouro; no meio dos candelabros, vi alguém com aparência humana. (…) Ele tinha na mão direita sete estrelas e da sua boca saía uma aguda espada de dois gumes; o seu rosto era como o Sol resplandecente com toda a sua força. Ao vê-lo, caí como morto a seus pés. Mas Ele colocou a mão direita sobre mim, dizendo: Não tenhas medo! Eu sou o Primeiro e o Último, o Vivente. Estive morto; mas, como vês, estou vivo pelos séculos dos séculos e tenho as chaves da Morte e do Abismo! Escreve, pois, as coisas que vês, as que estão a acontecer e as que vão acontecer, depois destas. E este é o simbolismo das sete estrelas que viste na minha mão direita e dos sete candelabros de ouro: as sete estrelas são os anjos das sete igrejas e os sete candelabros são as sete igrejas[3].

Dominados por catecismos, falsamente realistas, evitamos este grande livro do Apocalipse, abandonamos o livro mais espantoso do Novo Testamento. O que não sabemos explicar, leva-nos a ignorar o que representa a transfiguração da plural linguagem cristã.

As representações do mundo e do ser humano estão em profunda e constante alteração. O céu, o inferno, o purgatório, o juízo final são metáforas dos desejos e dos medos humanos. São representações engrandecidas do além à imagem do que há de melhor e de pior neste mundo.

   

Fr. Bento Domingues in Público, 2/11/2025
 
 
_____________
[1] Jean Delumeau, Aquilo em que acredito, Círculo de Leitores, 1994
[2] Apocalipse 21, 1-7
[3] Apocalipse 1

 

UM GRANDE FIM DE SEMANA

 

02/11/2025 observações (0)

JORNADAS DA FAMÍLIA DOMINICANA - 2024

13/11/2024 observações (0)

Presença Dominicana em Angola

Novo vídeo com o testemunho do Fr. José Nunes, OP nos 40 anos da presença dominicana em Angola (Waku-Kungo).

11/01/2023 observações (0)

JORNADAS DA FAMÍLIA DOMINICANA - 2022

26/11/2022 observações (0)